Porquê um arquitecto?

Porquê um arquitecto?

A maioria das pessoas, ao longo da vida, vai ao médico sempre que tem algum problema de saúde. E quando tem problemas legais recorre naturalmente a um advogado. Não pensa em poupanças, ou em considerar hipóteses alternativas, porque considera que são assuntos sérios, que devem ser resolvidos com a ajuda de profissionais qualificados e inquestionáveis. Mas em relação ao espaço em que passa grande parte da sua vida e os seus momentos mais pessoais – a sua casa – pensa, muitas vezes, que será perfeitamente autónoma nas decisões a tomar e nas obras a realizar.

A verdade é que, em relação à arquitectura, a maioria das pessoas tem opinião e não se exime de a exprimir, nos mais diversos contextos. E em muitos casos, quando surge a oportunidade de materializar o seu sonho, pensa saber exactamente o que quer e, acima de tudo, como o quer.

Esta realidade, sobejamente conhecida e alvo de numerosos estudos, é observável tanto para edificar uma casa de raiz como para remodelar um apartamento.

Conseguir construir a sua casa é, para muitas pessoas, um sonho tornado realidade. E como tal devia ser encarado. Então porque é por vezes confiado a uma qualquer pessoa que se apresente como minimamente capaz, independentemente da sua formação, normalmente sob o pretexto do preço do projecto?

Para um arquitecto, projectar uma casa é o exercício essencial da arquitectura. É simultaneamente o programa mais comum, mais testado em todo o mundo e porventura o mais aliciante, pela capacidade que continua a ter de nos surpreender, com a recombinação das mesmas variáveis. Não há como esconder – é uma enorme responsabilidade projectar uma casa. As decisões que tomamos farão parte intensa do quotidiano daquelas pessoas por um período de tempo indeterminado, por vezes para o resto da sua vida. Temos a possibilidade de as inspirar, de lhes proporcionar conforto, de realmente melhorar a sua existência. Se somos todos pessoas diferentes, porque não devemos ter uma casa pensada especificamente para nós?

E o local em que a nossa casa irá ser construída é determinante: Como se relaciona com o Sol e de onde vem a luz? E com as vistas? E com o contexto envolvente? E o que se sente nesse local? A que cheira a terra, como é a vegetação? Para onde olhamos? Como é a sua modelação? Todos estes factores, e muitos mais, influenciam a resposta dada pelo arquitecto no projecto. Não deixa de ser extraordinário como, provavelmente na única vez na vida em que se consegue realizar este sonho, se confia uma tarefa desta importância a qualquer um…

Quanto aos que optam por comprar construções já existentes para remodelar, conheço pessoalmente diversas situações em que as pessoas adquiriram casas ou apartamentos em mau estado de conservação, a necessitar de grande intervenção, que poderiam ter constituído excelentes oportunidades para corrigir situações funcionalmente pouco interessantes, mas acima de tudo para pensar toda a casa em função das suas necessidades e anseios efectivos. Em alguns desses casos os compradores da casa decidiram eles mesmos, muitas vezes aconselhados apenas pelo empreiteiro, ou recorrendo a revistas de decoração, toda a intervenção a realizar. O resultado foi mau? Bem, não necessariamente, mas poderia decerto ter tido outro nível de excelência, requinte e exclusividade.

Um erro clássico é, a meu ver, pensar-se que se vai gastar imenso dinheiro a contratar um profissional, quando é tão simples pintar umas paredes, mudar uns azulejos ou as loiças sanitárias e já está…o que é um duplo erro: Não só a tal ajuda profissional não é tão cara quanto se imagina, como pode fazer toda a diferença no produto final.

Como mero exercício, se se contabilizar quanto se gasta para comprar um terreno ou uma casa usada e quanto se vai ainda despender nas obras a efectuar, e se considerar todo este investimento como um todo, é fácil perceber que os honorários de um arquitecto serão uma pequena fatia do total. Contudo, o resultado será totalmente diferente. Um bom arquitecto pensará no espaço de forma integrada e conseguirá personalizá-lo e optimizá-lo à medida do cliente e das suas necessidades, actuais ou futuras.

Se a poupança na empreitada for uma preocupação determinante, um arquitecto competente conseguirá também assegurar um gasto inferior nas obras a efectuar. Mesmo incluindo os honorários do arquitecto!

A boa arquitectura é pensada de uma forma integrada e principalmente personalizada. É tailormade. É a diferença entre ir a um alfaiate ou a um pronto a vestir. Um pronto a vestir nada tem de errado, mas se apenas pudéssemos ter um fato, decerto preferiríamos que fosse feito por um alfaiate.

Ter uma casa pensada (ou repensada) por um arquitecto não tem de ser um luxo. Mas a sê-lo, é um luxo acessível!

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