Casa II em Sintra

Sintra

A configuração do lote, aliada à sua orientação solar e contorno algo irregular conduziu a uma proposta organizada num volume longo, que tira o maior partido da extensão e comprimento do terreno, respeitando os afastamentos legalmente exigíveis às extremas da propriedade.

O pinhal existente cria, ao mesmo tempo, uma linha de protecção para com os terrenos envolventes, espécie de filtro que transforma este local num espaço abrigado, onde a presença da natureza típica da zona se impõe.

A casa desenvolve-se entre duas lajes horizontais, que conformam o pavimento e o tecto, estando unidas no extremo Nordeste, por uma parede vertical, que protege da vista desde o arruamento de acesso.

O desenho algo irregular das lajes que contêm, inferior e superiormente, a construção, surge através do desejo de uma moradia integrada na natureza, pousando delicadamente e ao de leve no terreno que se manterá predominantemente naturalizado.

As inflexões proporcionam movimento acrescido ao volume arquitectónico.

A laje inferior eleva-se ligeiramente acima da cota do terreno, aparentando flutuar acima deste.

A entrada situa-se no ponto central da casa, onde através de um Hall se separa de forma clara a área íntima e a área social. Propõe-se um pátio interior, iluminando de forma subtil e cenográfica esta zona. É através deste pátio que se torna possivel o acesso à cobertura ajardinada, dotada ainda de uma área de estadia descoberta, equipada com lareira exterior.

As duas lajes brancas contêm, inferior e superiormente, uma série de volumes em madeira e vidro, jogando com a dinâmica e ritmo do intercalar de materiais que a compõem.

Os vãos amplos e generosos, do pavimento ao tecto, são recolhíveis nas paredes, permitindo que na maioria dos compartimentos a fusão entre interior e exterior seja incrementada.

Estes vãos, bem como os painéis de madeira deslizantes e dispositivos similares, permitem que a pele que reveste a casa possa ter múltiplas configurações, possibilitando variados cambiantes estéticos na sua aparência e adaptabilidade às diversas exigências climáticas, de privacidade e de segurança.

 

Arquitectura: Henrique Barros-Gomes e Joana Cabrita

Data: 2018/2019

Local: Sintra, Portugal